sexta-feira, 4 de abril de 2008

"Jumper", por Vinicius Meneguitte


Se sua vida fosse uma droga (mais do que já é) e você descobrisse que tem o poder de fugir pra onde quisesse... o que você faria com a sua vida? Pra onde iria?


Esse é o ponto de partida de “Jumper”, novo filme do diretor Doug Liman protagonizado por Hayden “Anakin Skywalker” Christensen, além de Samuel L. Jackson, Rachel Bilson e Jamie Bell completando o elenco. Mas não vá pensando que o filme faz uma grande reflexão sobre o sentido da vida e outras baboseiras. Jumper não é nada disso. É ação frenética e alucinante durante boa parte do tempo, sem perder muito tempo em divagações filosóficas.

Vamos a uma sinopse relâmpago e “spoiler-free”:

O filme é sobre um cara chamado David Rice. Ele era um adolescente nerd, pobre e magricelo (igual a você, meu caro leitor), tinha um pai pinguço e foi abandonado pela mãe quando tinha 5 anos. Na escola David era o “nerd clichê”: apanhava dos valentões e ainda pagava mico na frente da garota por quem era apaixonado. Numa manhã gelada, um acidente acontece... e David descobre que tem o poder de ir pra onde quiser, num piscar de olhos!!

É por causa desse poder, que ele é chamado de Jumper (Saltador). Como todo bom adolescente sem noção e revoltado, David toma uma decisão: VAI USAR SEU PODER PRA CURTIR A VIDA.

Tudo vai bem até o David ser rastreado por um cara chamado Roland (Samuel L Jackson), que simplesmente quer matar o cara! É a partir daí que começamos a acompanhar a fuga frenética de David ao redor do mundo lutando por sua própria sobrevivência... uma guerra que vai levá-lo a visitar seu passado em busca de respostas, mas que pode colocar em perigo pessoas que ele ama.

Bom, agora vamos ao que realmente interessa: vale a pena perder uma hora e meia da sua vida assistindo esse filme, ou dá vontade de sumir da sala de cinema, no melhor estilo David Rice?

Minha resposta é simples: DEPENDE!

Pra quem curte filme de ação com cenas de luta espetaculares e ritmo de narrativa alucinado, Jumper tem grandes chances de agradar. O diretor Doug Liman já tem experiência nessa área ("Sr. & Sra. Smith" e Trilogia “Bourne”) e sabe bem o que colocar na tela quando o assunto é tirar seu fôlego. O fato de David Rice poder estar em qualquer lugar do mundo acaba sendo uma vantagem dupla: primeiro pelo prazer de ver o cara curtindo nos lugares mais bonitos do mundo; segundo porque as lutas acabam se tornando imprevisíveis... não há limites de espaço, ou seja, quando a pancadaria rola solta você nunca sabe COMO nem ONDE ela vai terminar.

Os efeitos especiais, em si, não trazem nada de muito inovador, mas são usados na medida certa e funcionam bem para a proposta do filme. Mesmo assim, ainda achei que nas cenas de luta faltou um pouco de criatividade (a cena do Noturno na abertura de X-Men 2 com certeza supera os combates entre Jumpers e Paladinos). Mas não se preocupe, nerd, as lutas são muito boas... eu é que sou muito chato!

Agora, se a esta altura você está se perguntando “mas e a história, é maneira?”... pode acabar se desapontando um pouco com “Jumper”. O roteiro de David S. Goyer (Trilogia “Blade”) tem uma história realmente interessante, mas também tem tantos buracos que você precisa fazer uma forcinha pra não perder a paciência.

Não existe uma grande preocupação de explicar bem os fatos. David pode se teleportar? Sim! Por que? Não fica claro. Um garoto de 15 anos, some por uma década e depois reaparece do nada na sua cidade? Sim! Alguém acha isso esquisito? Não, afinal, todo garoto de 15 anos que some se dá bem na vida e fica rico... e por aí vai. Além disso, são tantas perguntas sem respostas que eu só posso ter uma certeza: esse filme vai ter continuação! (ainda mais pelo jeito que ele termina).

Mas o roteiro de Jumper tem um mérito que me fez gostar muito do filme, apesar dessas falhas descaradas: HONESTIDADE! Lembram o que eu perguntei no começo: “O que faria com a sua vida?” O fato de David tirar vantagem do seu poder e se dar bem torna o filme muito mais humano, sem as chatices idealizadas de “super-heroísmo” que andam nos epurrando por aí! A genialidade dessa idéia se resume numa cena, logo no começo, quando vemos todas as safadezas que o David apronta usando seus poderes e ele, simplesmente nos pergunta: “O que... você faria diferente”? Honestamente, nerd, eu faria (quase tudo) igualzinho a ele! E você também. Isso acaba salvando o roteiro de um desastre maior, principalmente porque mesmo depois de se ferrar durante o filme, o David continua sendo um baita de um cretino! Isso é que é verossimilhança!

No fim das contas, Jumper cumpre o papel de todo filme de ação despretencioso: te diverte por uma hora e meia, todos vivem felizes para sempre e ainda deixa aberta a porta pra continuações. Portanto, desligue seu cérebro por algumas horas e vá ao cinema conferir este filme!



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